Dementium II é uma boa prova de que os consoles da Nintendo abrigam títulos maduros, voltados para os jogadores hardcore. A Renegade Kid — desenvolvedora do jogo — mostra que está bem à vontade com o gênero e a plataforma, explorando um estilo FPS com elementos de Survival Horror que abusa do poderio gráfico do portátil da Nintendo.
Apesar de não ser uma continuação direta de Dementium: The Ward, o jogo aposta nos mesmos atributos que fizeram de seu antecessor um sucesso. Dementium II conta com uma história própria, independente, com novo protagonista e cenário, entretanto, ainda compartilha a mesma atmosfera violenta, suja e atormentada do jogo original.
Aprovado
Alucinações do passado
As transições entre o mundo real e as alucinações do protagonista são aleatórias e fazem com que o jogador questione a sanidade do protagonista a cada passo, enquanto fica atento para as armadilhas de ambos os “universos” habitados por William (nome do personagem principal).
A proeza técnica e gráfica de Dementium II é um dos maiores destaques do jogo. O título oferece visuais fantásticos — considerando as limitações técnicas da plataforma — que rodam suavemente (graças a um framerate estável) e apresentam ambientes bem detalhados e variados.
Além disso, o estilo e ambientação perturbada criam um cenário assustador povoado por aberrações. Paredes cobertas de sangue e ferrugem abrigam equipamentos de tortura e seres deformados em cenas dignas de uma edição da franquia Silent Hill.
Boo!
A trilha sonora não é exatamente inspiradora, porém os efeitos de som fazem a diferença. A música é monótona e por vezes irritante, mas os gritos angustiantes e as risadas convulsivas dos monstros que residem na mente de William impressionam mesmo nas limitadas caixas de som no Nintendo DS.
Aprendendo a lição
A jogabilidade Dementium II corrige vários erros que prejudicaram o título original. Os inimigos não ressurgem mais cada vez que você deixa e retorna a mesma sala e o mapa está sempre presente na tela inferior — destacando as áreas já visitadas. A lanterna pode ser utilizada em conjunto com outras armas pequenas (pistolas e facas) e toda a interface de inventários foi refeita, tornando-se muito mais acessível.
Reprovado
Vai e volta
Muitos enigmas do jogo exigem que você fique perambulando pelo cenário revisitando os mesmos ambientes. O famoso backtracking tira muito do brilho e impacto dos ambientes, pois obriga o jogador a visitar o mesmo local mais de uma vez.
Além disso, o sistema de saves também é falho — mesmo sendo um grande avanço em relação ao primeiro jogo — e força o jogador a percorrer grandes segmentos até encontrar um novo save point.
Mula sem cabeça
O combate é interessante, misturando armas leves e robustas que respondem muito bem ao sistema de comando baseado no uso da stylus. Todavia a inteligência a artificial dos inimigos é muito limitada, especialmente no que tange a sua falta de mira e aparente disfunção motora — além disso, algumas criaturas apresentam uma tendência a “beijar” paredes, correndo a esmo pelo cenário e batendo em todos os obstáculos presentes na tela.
Acabou
Apesar de contar com uma história enigmática e envolvente o jogo é curto e não tem muita “sobrevida” depois de terminado pela primeira vez. Mesmo contado com uma modalidade de jogo diferente, o survival — que aposta na progressão do jogador na campanha principal para desbloquear novos conteúdos —, o título não mantém o mesmo apelo.
Vale a Pena?
Dementium II é um excelente survival horror, o suspense criado pelas escolhas artísticas da equipe de desenvolvimento deixam o jogador tenso e atento a todos os detalhes da jogabilidade. A perspectiva em primeira pessoa evita os tradicionais problemas com posicionamento de câmera e os comandos estão bem ajustados as peculiaridades do Nintendo DS.
A Renegade Kid prova que conhece bem o portátil da Nintendo, trazendo melhorias significativas a cada título — Dementium: The Ward e Moon — e atendendo a um nicho de jogadores carente de FPS e jogos mais “maduros” no DS.
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