domingo, 18 de abril de 2010

Entre a realidade e a fantasia.

Qual é exatamente o motivo que nos leva a jogar video game? Tá, ok. A diversão, é claro. Trata-se de uma forma de entretenimento relativamente econômica — se comparado a uma viagens aos Alpes Suíços, pelo menos — que é capaz de transportar um extasiado jogador de um mundo de fadas diretamente para as semifinais da Copa do Mundo; tudo isso com a velocidade de se trocar a mídia dentro do console.

Espere! Talvez a questão central esteja justamente aí: os jogos são capazes de nos transportar para realidades alternativas, onde nos transformamos em heróis bárbaros, deuses irados ou golfistas milionários. A indústria de games sabe perfeitamente disso, bem como conhece precisamente o caminho necessário para levar cada tipo de jogador a uma “viagem instantânea” diretamente para uma realidade alternativa.

Alguém já questionou se os feitos  de Kratos são realmente  possíveis? Não, é claro que não!

Mas existe uma raiz um tanto equivocada quando o assunto é “imersão em jogos de video game”. Depois que os jogos passaram a ser mais que um amontoado de blocos movimentando-se pela tela — o que exigia uma tremenda capacidade de abstração para imaginar uma pessoa ou um carro naquilo —, surge uma nova pedra angular para a indústria de games: o realismo.

Atualmente, parece haver um consenso entre diversas desenvolvedoras (e jogadores) que a experiência em um jogo é tão melhor quanto maior for a fatia de realidade transportada para dentro dele. Sim, isso é uma verdade, sobretudo quando o assunto são jogos de esporte — reduto dominado por jogos como Gran Turismo e FIFA Soccer.

Mas será o realismo sempre necessário? Ou será que, algumas vezes, pode ser interessante se desligar da realidade para mergulhar me regras alternativas. Bem, é exatamente isso que o Baixaki Jogos pretende agora descobrir.

Jogos de esporte

Quando o realismo joga a favor

Em  esportes, altas doses de realismo são sempre bem-vindasSempre que um jogo como os da série PES ou FIFA se encontra em produção, nunca faltam discursos publicitários inflamados exaltando toda a extensa pesquisa e tecnologia aplicadas no intuito de transportar toda a realidade de um esporte para dentro de um game.

No caso da série FIFA Soccer, por exemplo, para cada jogador selecionado para aparecer no game, são estudadas sistematicamente 40 dimensões diferentes, que vão desde dados prosaicos como altura e cor dos olhos até a velocidade, força do chute, divididas e a aceleração do jogador — a ideia é realmente criar um clone em pixels.

A bem da verdade, a capacidade dos jogos de esporte atuais — que mais parecem simuladores —, fez com os próprios profissionais buscassem na emulação dos jogos uma espécie de treinamento complementar. Inclua nessa categoria desde jogadores de futebol (a própria Seleção Brasileira já foi “flagrada” apertando alguns botões) até corredores e mesmo jogadores de basquete.

Captura de movimentos

Um dos motivos para os atuais jogos de esporte serem cada vez mais realistas certamente foram as melhorias nas tecnologias de captura de movimentos. Basicamente, todos os movimentos básicos do atleta são mapeados, tornando possível um alterego digital bastante fiel ao original. A tecnologia também é largamente utilizada na indústria cinematográfica.

No encalço do Origami Killer (só não se esqueça da sua bombinha de asma)

Quando se fala em realismo, um dos expoentes mais em voga atualmente é com certeza Heavy Rain: The Origami Killer. Enquanto persegue um assassino misterioso, você controlará diversos personagens, cada uma mais verossímil que o outro. Aqui eles tem asma, tomam banho, escorregam ao descer uma encosta íngreme, etc.

Além disso, não existem “vidas”: caso um personagem morra, a história vai rumar para um desfecho sem ele. Complementando a proposta inovadora do título, Heavy Rain ainda traz alguns dos mais belos gráficos que a atual geração de consoles já conheceu — e isso desde as fibras das roupas até as expressões faciais.

Que tal uma aposta?

Mas será que a capacidade de simulação de um software fica restrita aos games? Certamente que não. Além dos já notórios simuladores de carros e aviões, a prova cabal do enorme mercado em potencial para quem for capaz de recriar uma realidade em pixels são empresas como a Inspired Virtual Gaming, que implementa simuladores altamente sensíveis para diversos estilos de corrida. O produto final é vendido para casas de aposta tradicionais no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Mundos de fantasia

Às vezes pode ser interessante desafiar a razão

Alguém realmente já se perguntou se os saltos de Kratos em God of War 3 são fisicamente possíveis? Ou ainda, se os inimigos colossais apresentados durante o jogo poderiam resistir à própria inércia? Não, é claro que não. A ideia é simplesmente se tornar o próprio “deus da guerra alternativo” durante algumas horas. O negócio é mergulhar em um universo de fantasia.

Mas essa subversão que permitida e endossada pelos games não fica restrita a épicos mitológicos. Alguns detalhes incluídos em jogos simplesmente existe para extrair de uma experiência real detalhes que — francamente? — seriam tremendamente chatos de se fazer em um game. Ou será que você gostaria de ter que sair atrás do seu skate toda vez que uma manobra não sai conforme o esperado em Skate 3?

De certa forma, subverter as leis da realidade parece ser parte do que torna alguns jogos interessantes. É claro que às vezes uma explicação pseudo-científica pode aliviar a consciência do jogador, como no caso do miraculoso “Nanosuit”, que aumenta tremendamente as habilidades do seu portador em Crysis.

Quando a falta de realismo força a barra

Fantasias e liberdades à parte, algumas derrapadas da indústria de games acabam forçando a barra mesmo com aqueles jogadores mais condescendentes. Basta lembrar dos feitos Rico em Just Cause 2 — em um dos quais, o talentoso sujeito salta com uma motocicleta e, ao quicar em uma plataforma, simplesmente salta e abre um paraquedas. Ninja Blade é outro exemplo “primoroso” desses talentos fora de contexto.

Bugs

Quando a realidade simplesmente... Falha

É claro que, às vezes, a falta de realismo em um jogo é denunciada sem que o desenvolvedor tenha previsto. Quem não se lembra, por exemplo, do singelo balanço infantil de GTA IV, que é capaz de arremessar um veículos a dezenas de metros de altura. Sim, são os nossos adorados “bugs” — cujo especial completo você já deve ter conferido aqui no Baixaki Jogos.

Em se tratando de games, o realismo parece ser uma daquelas dimensões complicadas de se mensurar. Afinal, embora seja interessante ter a simulação perfeita de uma Ferrari F-50 em Forza Motorsport 2, provavelmente poucos jogadores gostariam de encarar dois tempos de 45 minutos (reais) em PES ou FIFA Soccer.

Da mesma forma, enquanto as proezas de Kratos parecem bastante verossímeis — afinal, ele é um deus, certo? —, o miraculoso Rico Rodriguez certamente fez muita gente torcer o nariz. Enfim, ninguém pode negar que o realismo é hoje um ponto central na crescente indústria de jogos. Resta saber, em cada caso, qual é a medida exata de realidade que um jogador gostaria de encontrar.

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