quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Especial: Como transformar um ícone em uma máquina caça-níqueis?

Como transformar um ícone em uma máquina caça-níqueis?
Por que apenas o jogo se você pode ter também... uma lancheira?!?Qual é o limite do que se pode lucrar com uma marca? Será que a exposição exagerada e apelativa de um personagem ou de uma franquia pode acabar gerando um efeito negativo no imaginário popular? Ou será que hoje acabou se tornando normal encontrar um herói de videogames nos seus próprios jogos, mas também fazendo “bicos” ocasionais em jogos de corrida ou olimpíadas? O que dizer então dos tênis e das lancheiras?!?

O Baixaki Jogos resolveu hoje dar uma conferida na forma que muitas empresas tem utilizado para extrair mais e mais dinheiro de seus mascotes, selos e franquias. Conforme foram acumulando anos de existência, marcas como Sonic, Mario ou Megaman acabaram virando verdadeiras fontes de dinheiro para os seus proprietários.

Isso explica por que é possível encontrar hoje um personagem como Mario fazendo todo tipo de estripulia em um total de mais de 200 jogos diferentes. Quer dizer, se a minha marca é conhecida, e por si só é capaz de gerar somas vultosas de dinheiro, por que não colocar o personagem correndo, saltando com vara ou até em uma tosca adaptação de Tetris — Puzzle Fighter... alguém?

Mesmo à revelia de questões ligadas ao bom senso — e às vezes também ao bom gosto! —, o mandamento básico para quem detém os direitos sobre alguma marca popular é: coloque a sua imagem onde foi possível, já que praticamente qualquer coisa vende quando se tem o apelo certo. E mais: quando um herói anda meio em baixa, que tal colocá-lo em uma lancheira, tênis ou estojo escolar para levantar um pouco as vendas? É mais ou menos por aí.

Mas, é claro, justiça seja feita: muitos dos chamados “spin-offs” acabam gerando bons jogos, e também muito divertimento. Prova disso é Dissidia, jogo de luta que, mesmo baseado na imagem já um tanto desgastada de Final Fantasy, traz excelentes gráficos e jogabilidade para dentro do PSP. Ou, voltando um pouco mais (bem mais) no tempo, o clássico “spin-off” Sonic Spinball também ganhou boas críticas quando foi lançado para o finado Mega Drive. Será uma questão de bom gosto?


Tentando a sorte em outros gêneros
Quando as plataformas ou o RPG não são suficientes

Uma das formas mais convencionais de se lucrar um “tantinho” a mais com uma marca vem da prática de fazer personagens clássicos saltar livremente entre os gêneros. Quer dizer, o início pode ser o RPG ou a ação. Mas por que não mudar de ares, tentando a sorte nas corridas, lutas ou mesmo nos jogos olímpicos? Enfim, são casos tão clássicos quanto corriqueiros:

  • Sonic The Hedgehog

Sonic é um dos melhores exemplos de um “pulador de gênero”. Desde que foi lançado inicialmente para o Mega Drive no início dos anos 90, o ouriço fez um verdadeiro périplo entre os mais variados estilos de jogos. Um bom exemplo é o já mencionado Sonic Spinball, jogo que faz com que o ícone da SEGA abrace de vez a sua natureza de “bola em potencial”, colocando o ouriço como uma verdadeira bola de fliperama.


Mas a coisa não fica por aí. O mascote da SEGA aparece também em jogos de corrida, minigames e, além disso, recentemente tentou também a sorte nos jogos olímpicos (Mario & Sonic at the Olympic Games ), o que ainda promoveu a união do personagem com o seu antigo rival direto, Mario Mario — prova irrefutável de que o dinheiro move montanhas (mesmo que virtuais) dentro dos games.

  • Mario Mario

Pegue Mario, junte Tetris e alguma hipocondria, e voilà!Mario é provavelmente um campeão isolado quando a ideia é enfiar a cara onde foi possível. O inabalável ícone da Nintendo — que no seu início não muito expressivo apenas subia compulsivamente um punhado de escadas (Donkey Kong) — fez do seu lançamento original no Super Nes um verdadeiro trampolim para uma verdadeira miríade de títulos.

É só contar: Mario Kart (jogo de corrida), Dr. Mario (paródia descarada de Tetris), Super Mario RPG (uma adaptação RPGística do herói que recebeu boa crítica no Super nes), etc. Isso para não falar em Super Smash Bros., que além do encanador ainda traz todo um time de super estrelas, incluindo Samus, Link, Pokémons, Snake, Fox McLaud entre vários outros.


  • Pokémon

Onde foi mesmo que os monstrinhos de bolso da Nintendo começaram? No desenho animado? É claro, qualquer um que conhece um pouco de games sabe muito bem que Pikachu e Cia. deram as caras pela primeira vez no saudoso Game Boy original (aquele que mais parecia um tijolo). Mas a superexposição da marca certamente deixa muita gente na dúvida.

Deixando um pouco de lado a série principal de formato RPG, aparecem Pokémon Arena (focado apenas nas batalhas), Pokémon Dash (corrida de Pokémons), Pokémon Pinball (e você pensando que era só o Sonic...) além do absolutamente excêntrico Pokémon Snap — cuja ideia principal é fotografar Pokémons em seus ambientes naturais.

  • Final Fantasy

Final Fantasy é sem dúvida uma das marcas mais aproveitas e reaproveitadas dentro da indústria de games. Desde que o primeiro título foi lançado na década de 80, a franquia tem deixado a sua marca, direta ou indiretamente, em praticamente todos os gêneros. São jogos de corrida (Chocobo Racing), de luta (Dissidia Final Fantasy), RPGs de ação (série Crystal Chronicles), RPGs táticos (Final Fantasy Tatics) e, finalmente, um flerte com o estilo gerencial da série Sin City — no sofrível My Life as a King. Isso sem falar ainda em jogos para celular.


O importante é vender!
Quando os games não são suficientes

E aí, vai uma poção de cura?Mas a superexploração das marcas mais populares dos games não precisa ficar restrita aos jogos. A propósito, elas realmente não ficam. Quer dizer, quem nunca viu por aí uma lancheira do Sonic, um desenho animado do Mario, um boneco do Ken (Street Fighter), mochilas, roupas, etc. Uma das abordagens comerciais mais excêntricas traz as poções do universo de Final Fantasy para o mundo real — presumivelmente em alguma espécie de energético.

E existe ainda a tentativa óbvia —e frequentemente fracassada — de estender a fama de personagens dos games para as telonas. Ou será que alguém conseguiria esquecer do tremendo fiasco do filme baseado em Street Fighter e protagonizado por ninguém menos que Jean Claude Van Dame? Também contam com adaptações cinematográficas Mario, Silent Hill, Final Fantasy (animação), Double Dragon (argh!), Max Payne, e tantos outros.

Enfim, aparentemente qualquer coisa pode ser vendida com o apelo certo. Entretanto, fica a pergunta: qual é o limite do bom senso para se expor uma marca? Será que, em determinado momento, o tiro não pode mesmo acabar saindo pela culatra? De qualquer forma, quando se encontra no mercado roupas íntimas do Pikachu, ou um restaurante ambientado na realidade de World of Warcraft, é impossível não imaginar que algo mudou radicalmente na indústria de games.

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