quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Especial: Video games: sobrevivência e eternização.

O que fazer para deixar um jogo virtual simplesmente inesquecível? Muitas vezes, quem pensa grande acaba se dando mal e quem desenvolve games com propostas simples consegue torná-los memoráveis. A pergunta que não quer calar é: quais os elementos necessários para que um título sobreviva ao tempo de forma a chamar a atenção de críticos e jogadores durante muitos anos?

Uma opinião comum entre a maior parte das pessoas que possuem um forte interesse em video games é que investir em recursos técnicos não é algo que garante a "imortalização" do jogo em questão. Gráficos são superados com o tempo, e o mesmo vale para os aspectos sonoros. As diferentes tecnologias e motores gráficos não param de evoluir, visto que acompanham a evolução física dos equipamentos eletrônicos.
Agora, se a equipe de desenvolvimento é capaz de contratar um excelente grupo de produção artística, a história muda. Quanto mais expressivo e criativo é o trabalho de arte de um game, maior o impacto gerado. É claro que o trabalho de arte deve ser combinado com uma boa jogabilidade e/ou com um enredo (ou simplesmente atmosfera) de peso para que o produto fique cativante e possa ser lembrado por muito tempo.

Portanto, é possível afirmar que não há como investir pesado em apenas um "pilar" do jogo desenvolvido e garantir o sucesso. A Crytek é uma das empresas que comprova isso, não é mesmo? Ou você já se esqueceu do que ocorreu com o lançamento do tão aguardado Crysis, uma das promessas de realismo gráfico mais incríveis dos games?


Apostas e apostas...
O equilíbrio é tudo


Crysis gerou uma balbúrdia interessante. Prometendo usar e abusar das placas de vídeo mais potentes do mercado, o FPS (jogo de tiro em perspectiva de primeira pessoa) tentou impressionar críticos e jogadores com uma enxurrada de detalhes e efeitos gráficos inéditos. Curiosamente, a quantidade de bugs que apareceu com o lançamento do game foi igualmente impactante.

Bonito é, mas...

A Crytek fez um alarde tão grande em torno do título que muitos acreditaram que o realismo apresentado seria algo deslumbrante, inesquecível. Problemas? Vários. Primeiro: pouquíssimos gamers conseguiram rodar o game com todas as configurações no limite para uma melhor apresentação gráfica. Segundo: bugs. Terceiro: não muito tempo depois, alguns jogos mostraram que ainda havia muito a ser melhorado.

Enfim, o que importa saber é que não adianta insistir em um único ponto sem pensar nas consequências de tal ato. É óbvio que os desenvolvedores acabam deixando de lado certas falhas para caprichar em aspectos-chave como jogabilidade e diversão. Mas, nesses casos, é esperado um mínimo de qualidade e polimento nos recursos técnicos para que os gamers não fiquem distraídos com os problemas exibidos na tela.

Na realidade, basta garantir que haja a reprodução satisfatória de um trabalho de arte convincente quando um título conta com uma atmosfera única e envolvente. Às vezes, até mesmo a jogabilidade é simples, mas o resultado do conjunto é fantástico.

Icônico é pouco A imortalidade não é fácil

Sim, "imortalidade" é um termo meio exagerado, mas funciona bem no presente contexto. Enquanto houver pessoas que gostam de ressuscitar o passado e experimentar games diversos, certas séries e jogos não ficarão no esquecimento. Mas é de fundamental importância ressaltar que "acertar em cheio" não é algo que ocorre sempre, por mais completo que seja o game.

Street Fighter é um dos melhores exemplos de franquia de extrema repercussão devido à excelente combinação entre jogabilidade e visuais aprazíveis. Mesmo em duas dimensões, o pessoal da Capcom conseguiu apresentar lutas espetaculares entre personagens distintos, capazes de prender fortemente a atenção de quem gosta de dar boas pancadas.

Vale a pena reforçar que o elenco de lutadores e os diferentes modos de combate apresentados são cruciais para o sucesso. Os desenvolvedores realmente conseguiram fazer com que o estilo dos games Street Fighter se tornasse base de comparação e desenvolvimento para uma ampla gama de empresas, críticos e jogadores.

Jogos de luta, em geral, conseguem se tornar mais marcantes que os demais devido à simplicidade da apresentação de muitos títulos. Mortal Kombat é outra série que conquistou os gamers através de muita violência e... Simplicidade. Pois é, quanto mais simples é o game, mais arriscadas ficam as apostas dos desenvolvedores e distribuidores. Alguns acertam em cheio, mas outros erram de forma grotesca.

Quer um bom exemplo de proposta simples que não cessa de cativar pessoas de todas as idades? Tetris. Blocos formados por cubos geométricos "descem" na tela e devem ser girados para preencherem espaços de maneira correta. Assim, o jogador reduz o surgimento de problemas com o aumento constante de velocidade de queda dos blocos. Mais simples que isso, muito difícil.

É muito bom saber que a simplicidade não deixou as mentes de certos desenvolvedores da atualidade. Títulos como echochrome (um mergulho de ponta no mundo da perspectiva 3D) mostram que é possível — e como — criar jogos, digamos, "toscos", mas que ilustram um senso de criatividade muito além do esperado.


Ideias brilhantes

Um bom enredo também é excelente para que determinados títulos permaneçam na memória dos jogadores mais antigos. O gênero aventura costuma receber games dotados de histórias incríveis, muitas vezes hilárias. É o caso de boa parte dos games da LucasArts, como Full Throttle e as séries Maniac Mansion, Monkey Island e Grim Fandango.

Lasanha! Em outros casos, a trama nem é tão interessante, mas a apresentação dela é inesquecível. Um encanador italiano, seu irmão e companheiros em forma de cogumelos partem em busca de uma princesa aprisionada por um lagartão feioso. Isso soa familiar para você?

Mas a jogabilidade, apesar de maravilhosa, não é a única parte interessante dos jogos de Mario. O trabalho de arte por trás de vários títulos da série é mais completo do que muitos acreditam. A intensidade das cores entra em sintonia perfeita com pequenos detalhes presentes nos diferentes cenários e ambientes que tanto admiram os fãs.

Games como Super Mario World e Yoshi's Island são repletos de desenhos muito bem trabalhados. Uma das chaves para o sucesso visual desses jogos é a cuidadosa sobreposição de cores de acordo com o tipo de cenário exibido. Não podemos esquecer, ainda, que a trilha sonora é fenomenal, não é mesmo? Reviver Super Mario World através do canal Virtual Console é uma alegria para diversos usuários do Nintendo Wii.

Ligeiramente voltando a atenção para os computadores, é curioso trazer dois títulos à tona: Sanitarium e Phantasmagoria. Enquanto o primeiro jogo mistura uma ambientação maravilhosa de terror e suspense com belas animações em 2D (além dos personagens simplesmente bizarros), o segundo conta com sete CDs de instalação devido à apresentação visual — e interação com a jogabilidade — em forma de vídeos e fotos.

Phantasmagoria......não é nada normal...


Portanto…?
Há algum segredo?


Na realidade, não é tão difícil criar um game bom. Difícil, mesmo, é desenvolver um jogo inovador, e mais complicado ainda é apresentar uma proposta inovadora que seja capaz de conquistar gamers e críticos durante muito tempo. As tecnologias de hoje facilitam o surgimento de ótimos games, é necessário "apenas" que os desenvolvedores caprichem na aplicação de boas doses de criatividade e polimento.

Franquias épicas não são tão comuns quanto muitos pensam. A divulgação é fundamental para que boas ideias possam ser propagadas por todo o globo. Ainda assim, não são tantas as propostas capazes de atingir pessoas de várias idades, localidades e preferências referentes a jogos virtuais. Mas, felizmente, esses rompantes acontecem e trazem aos jogadores o que há de melhor no mundo dos video games: diversão.

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